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Ingressos Caros e os Desafios da Administração do Maracanã: Entenda o Cenário Atual

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Nesta análise, explicamos como a administração do Maracanã, os custos do elenco e as políticas recorrentes de preços influenciam no bolso do torcedor. Veja os principais números, argumentos e tire suas próprias conclusões!

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Introdução

O torcedor rubro-negro, nos últimos meses, tem se incomodado com os altos preços dos ingressos para os jogos. É necessário entender os motivos justificados pela nova diretoria para essas mudanças. O objetivo deste artigo é analisar e ponderar esses motivos, e de forma crítica, trazer uma luz ao assunto.

O Maracanã

O Estádio Jornalista Mário Filho, conhecido como Maracanã, não é um estádio comum. Além de ser um ponto turístico do Rio de Janeiro, é Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tombado desde 2000, quando completou 50 anos.

Administrar um monumento dessa magnitude e importância envolve requisitos que limitam algumas mudanças. Ainda assim, continua sendo uma opção muito bem localizada e relevante para os clubes cariocas, principalmente Flamengo e Fluminense, que dependem quase exclusivamente dele para seus jogos.

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No dia 27 de setembro de 2024, o Governo do Estado do Rio de Janeiro assinou o contrato de concessão do complexo do Estádio do Maracanã para Flamengo e Fluminense. Assim, os dois clubes cariocas passaram a ser responsáveis pela administração do estádio, tendo de pagar anualmente R$ 20 milhões ao Governo do Estado e investir R$ 186 milhões nos próximos 20 anos.

Tudo isso ocorreu na gestão anterior, então a diretoria atual, do presidente Luiz Eduardo Baptista (Bap), “herdou” essa situação. Essas condições impactam, logicamente, nos reajustes de preços, mas o torcedor rubro-negro precisa entender que a situação é mais complexa.

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A Nova Gestão

No dia 29 de março de 2025, a FERJ divulgou o Boletim Financeiro do jogo entre Flamengo x Internacional, válido pela 1ª rodada do Brasileirão. Nesse relatório, fica evidente que o Flamengo teve despesas do estádio superiores a 50% do arrecadado com a venda de bilhetes, mesmo com quase 50 mil pagantes.

Isso tem se repetido nas rodadas seguintes em jogos no Maracanã; até hoje, a despesa média é superior a R$ 1,5 milhão e a arrecadação média é de R$ 3 milhões por jogo, mostrando que não se trata de um caso isolado.

Declarações do Presidente do Flamengo

Luiz Eduardo Baptista, Presidente do Flamengo
Luiz Eduardo Baptista, Presidente do Flamengo

Em resposta às críticas, destacam-se falas recentes do atual presidente ao jornal O DIA:

“O Rio de Janeiro, naturalmente, é menos competitivo do que outros estados. O torcedor quer um time excepcional pagando preços de ingresso que os custos atuais não permitem. É tão simples quanto isso. São Paulo não tem gratuidade, não tem meias-entradas como tem no Rio de Janeiro. Os preços aqui são 35%, 40% mais baratos que São Paulo e todo mundo reclama. Está tudo caro no Brasil. Para ter o time que a gente tem, dificilmente seria mais barato do que isso”

- Luiz Eduardo Baptista, Presidente do Flamengo

Ao analisarmos essa declaração, percebemos informações incorretas. No geral, não existe diferença significativa entre a meia-entrada no Rio de Janeiro e em São Paulo.

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A lei da meia-entrada, que garante 50% de desconto a estudantes, idosos, pessoas com deficiência e acompanhantes, e jovens de baixa renda, é válida em todo o Brasil, inclusive nesses dois estados. Alguns estados podem ter leis adicionais para outras categorias, como profissionais da educação em São Paulo.

Além disso, afirmar que os preços são “35%, 45% mais baratos que São Paulo” é incorreto. Um estudo do jornal “Lance!” esclarece o ranking atual de tíquete médio por clubes da Série A do futebol brasileiro:

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Lembrando que o estudo considerou os dois primeiros jogos como mandante no Brasileirão.

Já é possível perceber que as despesas no Maracanã são altas e, apesar das informações imprecisas na fala do presidente, há um dado importante: o elenco do Flamengo é realmente caro e competitivo, e manter esse nível não é simples. O Palmeiras, principal rival nas disputas por títulos, lidera a lista de tíquete médio.

Política Recorrente

Além disso, o torcedor rubro-negro deve notar que o aumento no valor dos ingressos é recorrente nos primeiros anos de cada nova gestão, nos últimos 12 anos. Um estudo feito pelo GE, por meio do Blog do “Gato Mestre”, em 28/04, mostra essa tendência após as obras para a Copa do Mundo de 2014.

Hoje, o estádio é conhecido como “O novo Maracanã”, com aspecto mais “europeizado”, cadeiras no lugar de arquibancadas e sem a famosa “Geral”. Essa nova era também trouxe novas políticas, principalmente sobre tíquete médio, como a tabela seguinte demonstra:

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Fica claro que, a cada início de mandato, há reajuste na política de preços dos ingressos, e não só isso. Observe o ano de 2019, com o tíquete médio quase o dobro do ano anterior. Para todos os rubro-negros, esse ano foi mágico, mas houve mudança radical na política, comparando aos dois anos anteriores. Esse período marcou a famosa “mudança de patamar”, em que as despesas subiram para formar um time extremamente competitivo. Mas também foi quando se intensificou o debate sobre o distanciamento das camadas mais populares do Maracanã, modificando de forma inevitável o perfil da torcida presente.

Um ponto de alívio: o estudo do “Gato Mestre” mostra que o tíquete médio do Flamengo ainda está abaixo do reajuste da inflação. A inflação entre 2013 e 2025 foi de 97,29%, o que levaria o ingresso a R$ 91,41. Além disso, o impacto do ingresso médio no salário mínimo diminuiu de 6,83% para 4,72%. Para efeito de comparação, este ano tivemos um dos menores aumentos de tíquete médio de um ano para o outro.

Apesar dessas informações, elas dificilmente chegam ao torcedor médio. O descontentamento cresce, chegando ao ponto de jogadores e treinador serem questionados sobre um tema que não têm autonomia ou conhecimento para responder. Fica claro que a diretoria não pretende mudar essa política.

Conclusões

O torcedor tem todo o direito de reclamar dos preços altos, mas é preciso estar informado sobre as políticas e tendências do próprio clube. Só assim poderá reivindicar mudanças de forma mais contundente. O primeiro ano da nova gestão traz muitas transformações, e o torcedor deve ficar atento, sempre munido de informação.

Os ingressos são caros por causa de todos os desafios para administrar o Maracanã e manter um elenco competitivo e vitorioso. O sentimento coletivo de descontentamento existe e é válido, sendo urgente a abertura de um canal direto entre diretoria e torcedor para diminuir essa sensação de distanciamento. Talvez isso seja tema para outro artigo.

Deixe nos comentários suas opiniões sobre este assunto. Ficaremos felizes em saber o retorno dos torcedores a respeito desta análise!

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