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Análise: Entenda como Ancelotti na Seleção é um movimento histórico da CBF

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Carlo Ancelotti foi confirmado como o novo técnico a comandar nossa Seleção. Um movimento histórico e ousado da CBF que se encontra enfraquecida tanto em campo como fora dele. Venha entender os motivos da escolha do italiano para o comando da seleção e como esse time, provavelmente, irá se comportar

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Introdução

Nessa segunda-feira (12/05), a CBF anunciou formalmente Carlo Ancelotti como o novo técnico da seleção. Ancelotti vem para substituir Dorival Júnior (hoje, técnico do Corinthians), demitido no dia 28 de março, e terá o desafio de preparar a equipe para a Copa do Mundo de 2026.

Este artigo pretende explicar os motivos dessa escolha e traçar o perfil de Ancelotti e, possivelmente, como veremos a seleção jogar daqui para frente.

CBF pressionada

A CBF hoje está sofrendo um dos maiores momentos críticos de sua história. Dentro de campo, a seleção vem entregando resultados pífios, que a afastam cada vez mais de seu torcedor, e fora de campo vive atualmente uma efervescente guerra política interna, ameaçando a permanência de Ednaldo Rodrigues na presidência da instituição.

A seleção, hoje, se encontra na 4ª colocação das Eliminatórias da Copa, jogando um futebol muito abaixo do que se espera de uma equipe repleta de jogadores protagonistas do futebol mundial, mas que não conseguem repetir as boas atuações que realizam em seus clubes com a camisa canarinha. Porém, a gota d’água foi o último confronto contra a Argentina, nossa maior rival no continente, que perdemos por um placar elástico de 4x1. Isso criou uma pressão gigantesca que forçou a demissão de Dorival Júnior e consolidou a ideia de um técnico estrangeiro na Seleção.

Ednaldo Rodrigues, atualmente afastado da presidência da CBF
Ednaldo Rodrigues, atualmente afastado da presidência da CBF

Internamente, na CBF, a temperatura está nas alturas. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) afastou nessa quinta-feira (15/05) Ednaldo Pereira da presidência da CBF, nomeando Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade (e filho do ex-presidente do Brasil, José Sarney), como interventor e determinando novas eleições. Em meio a tudo isso, inúmeras denúncias de corrupção e utilização indevida de verbas em extravagâncias sem fim mancharam a imagem da CBF e sua seleção perante o grande público.

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O que no imaginário do torcedor era seu “escape da realidade” acaba se tornando um lembrete da mesma, criando um enorme distanciamento e desconfiança de uma torcida historicamente apaixonada.

A equipe de Ancelotti

Carlo Ancelotti é, sem dúvidas, um dos técnicos mais vitoriosos do futebol na atualidade. Seu nome era ventilado há muito tempo como “sonho” da CBF, e depois de muitas tentativas, o acerto foi feito. O italiano assumirá a seleção, oficialmente, no dia 26 de maio.

Com ele, também teremos na comissão técnica seu filho, Davide Ancelotti, e genro, Mino Fulco, como auxiliar técnico e auxiliar técnico/preparador físico, respectivamente. Além desses homens de confiança (e da família) de Ancelotti, teremos também na equipe técnica Francesco Mauri, completando a equipe de auxiliares técnicos, e Simone Montanaro como analista de desempenho.

Apesar de trazer consigo nomes de confiança compatriotas, Ancelotti pretende assimilar profissionais brasileiros em sua equipe, que o ajudem no dia a dia e no conhecimento sobre a Seleção. Sendo assim, Taffarel permanece na função de treinador de goleiros. Provavelmente ainda veremos mais nomes nacionais importantes assumindo funções nessa “super equipe técnica” que está sendo formada.

Taffarel ao lado do Goleiro Alisson, durante treinamento da Seleção
Taffarel ao lado do Goleiro Alisson, durante treinamento da Seleção

Filosofia de jogo e tática

Antes de mais nada, Ancelotti é notoriamente um amante do futebol brasileiro dos anos 90, de forte transição e força física, além de que historicamente em suas equipes ele sempre teve um ótimo relacionamento com jogadores brasileiros, sabendo explorar o máximo de seus talentos. Acredita-se que essa será uma grande força de Ancelotti na Seleção: sua ótima gestão de elenco.

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Ancelotti tem uma carreira extensa, brilhando como técnico em gigantes europeus como Juventus, Chelsea e Milan, entre outros. Porém, sua passagem mais recente no Real Madrid talvez seja o seu melhor trabalho e que melhor reflete a filosofia atual de seu trabalho. Pegando referência no trabalho realizado no Real Madrid, vamos tentar analisar como jogam suas equipes e como isso poderá ser usado na nossa Seleção.

Fazendo esse recorte exclusivamente do seu trabalho no Real Madrid, percebe-se que não veremos um time que prioriza demasiadamente a posse de bola. Na temporada de 2024 da Champions League, onde foi campeão, sua equipe teve apenas 51% de posse de bola, e no mesmo ano, pela La Liga, teve 58% de posse de bola. Sua equipe abusa de passes de profundidade e passes longos, especialmente acionando Vinicius Júnior como sua principal “arma”. Outro fator que define seu estilo de jogo são os poucos toques e rápidos, com jogadores que utilizam muita força e zagueiros que sabem realizar passes longos.

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“Meu sistema favorito é o 4-4-2. Defendemos melhor”

- Carlo Ancelotti, no dia 20 de abril desse ano

Na prática, durante a Champions de 2021-22, conquistada com o Real Madrid, foi no marcante 4-3-3, com Casemiro, Toni Kroos e Luka Modrić comandando um triângulo no meio-campo, mas já com Federico Valverde sendo o “ponta” pela direita. Durante os anos, o time foi transicionando lentamente para o 4-4-2. Com a chegada de Kylian Mbappé e a evolução de Vinicius Júnior, o 4-4-2 se tornou um esquema adaptável, potencializando a força de seus jogadores, justamente para ter essas duas estrelas como dupla de ataque.

O italiano sempre incentivou uma maior versatilidade do brasileiro no ataque, em vez de limitá-lo pelo lado esquerdo. Há, portanto, uma expectativa de que a Seleção jogue preferencialmente no 4-4-2, podendo explorar também o sistema 4-3-3.

Ensaiando uma possível equipe titular, podemos imaginar os seguintes esquemas:

4-4-2
4-4-2

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4-3-3
4-3-3

Aqui vemos duas opções: a primeira formação em um 4-4-2 com um losango no meio-campo e outra um 4-3-3 com um triângulo no meio-campo. Sem levar em conta preferências pessoais, mas o que é mais provável, existe uma real expectativa no retorno de Neymar.

Neymar encaixaria bem como um “falso 9” no 4-4-2 de Ancelotti. Porém, mesmo com sua ausência, o esquema poderia facilmente ser utilizado com outras peças. Na ausência completa de Neymar e adotando o 4-3-3, poderemos explorar um sistema com um centroavante.

Não acredito que, a princípio, o técnico italiano utilizará jogadores que ele não tenha conhecimento prévio e vejo como grandes possibilidades retorno de jogadores como Richarlison e Antony, um por já ter jogado bem no comando de Ancelotti e o segundo por estar em grande fase no Betis e ter sido bem observado pelo novo comandante da “canarinho”.

Vinicius Junior, Militão e Casemiro provavelmente serão, nesse começo, peças chaves do esquema tático, além de serem pessoas de confiança e já terem conhecimento prévio de seu jeito de jogar. Rodrygo provavelmente estará no banco, mesmo já sendo um conhecido de Ancelotti. Nomes que podem ter sua chance de brilhar com o tempo no ataque são: Igor Jesus, Pedro e João Pedro.

Wesley provavelmente jogará na Europa ainda esse ano e deve se manter na seleção brasileira, e Alex Sandro é uma possibilidade apesar de compreender que as laterais da Seleção são algo difícil de cravar, pois hoje é um dos pontos fracos do time.

Conclusão

Há uma grande expectativa na “Era Ancelotti” da Seleção, e existe uma possibilidade real de que finalmente tenhamos com esse novo comando uma melhora significativa do futebol jogado. No entanto, para isso acontecer, é preciso que a CBF dê liberdade total ao italiano para ele poder gerir essa equipe sem grandes interferências internas e políticas da instituição.

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Em resumo, para que o torcedor volte a ter uma “lua de mel” com a Seleção, é preciso afastar a CBF e todas suas crises da seleção e deixar o futebol falar em campo, deixar profissionais capacitados trabalharem.

Deixe nos comentários suas opiniões a respeito desse assunto, ficaremos felizes em saber sua opinião!